Um passado que morreu... Um livro que nunca nasceu. Parece que foi ontem que ia compondo cada linha, cada frase desse conjunto de folhas que, simplesmente, se perdeu. Não chegou sequer a experimentar o sabor de ser tocado, folheado, admirado... Morreu sem que ninguém se desse conta, sem que ninguém chorasse o seu desaparecimento.
Passam meses, como se fossem anos, ou anos como se fossem meses. Nem sei. Mas a mágoa fica sempre. Por ser o primeiro, dizem, dói mais. Simplesmente, não sei.
Miúda ainda, isso passa. Tens muita vida pela frente. A imagem de seu rosto, de seus gestos meigos, do toque, do sorriso... Tudo fica... Por muito que me digam, acabou, não o consigo dizer ou simplesmente aceitar.
Sigo com a minha vida em frente, mas sempre com um passado presente.
Ana Vichenstein